Sobre Ceci Cunha, a deputada assassinada há 13 anos

20/12/2011 0 Por Tieza Vereadora

A primeira deputada federal de AL

Correio Braziliense – 17/12/2011.
A médica e deputada federal Ceci Cunha nasceu em Alagoas, em agosto de 1949, e foi morta barbaramente na varanda da casa do cunhado, para onde a família se dirigiu após a cerimônia de diplomação. Ela estava no segundo mandato, mas, antes disso, havia sido eleita duas vezes vereadora na cidade de Arapiraca, onde exercia sua profissão. Foi a primeira mulher alagoana a ser eleita para a Câmara dos Deputados. Mas, no ano em que foi reeleita, Ceci foi assassinada com o marido Juvenal Cunha, o cunhado Iran Carlos Maranhão, e a mãe dele, Ítala Maranhão.
“Minha mãe era uma pessoa do bem, que não tinha inimigos e sempre trabalhou em prol da comunidade”, afirma o filho Rodrigo Cunha, que tinha 17 anos quando Ceci foi assassinada com vários tiros. “Para mim, a imagem dela é a mesma, o sentimento é o mesmo”, acrescenta Rodrigo, lembrando que o crime foi por motivo torpe. O principal acusado pelo Ministério Público Federal é o médico Talvane Albuquerque. Segundo familiares da parlamentar, ela foi morta de costas e segurando uma rosa branca que recebera de uma eleitora. Segundo o MPF,  ele queria a vaga da deputada para obter imunidade parlamentar.
Os executores do crime, conforme o MPF, seriam quatro seguranças do médico. Mendonça Medeiros da Silva, Jadielson Barbosa da Silva, Alécio César Alves Vasco e José Alexandre dos Santos, e também se sentarão no banco dos réus no próximo 16 de janeiro, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Crime julgado 13 anos depois

Autor(es): » Edson Luiz
Correio Braziliense – 17/12/2011
 
 A deputada federal Ceci Cunha estava indo comemorar a diplomação quando foi morta a mando do suplente Talvane Albuquerque, segundo o MPF. Diversos atos públicos realizados ontem marcaram a data
 
Várias manifestações em cidades brasileiras marcaram a morte da deputada federal Ceci Cunha (PSDB), barbaramente assassinada há 13 anos em Maceió (AL),  com o marido e outros dois parentes. O crime aconteceu em 16 de dezembro de 1998, mas somente será levado a júri dentro de um mês e, mesmo assim, depois da intervenção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ceci estava indo a uma comemoração pela diplomação, e foi morta, segundo acusação do Ministério Público Federal, a mando de seu suplente, Talvene Albuquerque, que queria a vaga para adquirir imunidade parlamentar. Os diversos recursos impetrados pelo acusado e a indefinição sobre a competência pelo julgamento do caso foram as principais razões dos constantes adiamentos.
A chamada chacina da gruta tramitou sete anos na Justiça estadual, mas só depois disso ficou decidido que o caso deveria ser tratado pela jurisdição federal, por se tratar de uma deputada. “O caso Ceci demorou por causa de uma infinidade de recursos, desde as primeiras decisões, como a pronúncia. Até que se entendeu que era da Justiça Federal”, diz o juiz auxiliar da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Erivaldo Ribeiro dos Santos. “Foram muitas idas e vindas”, conta o magistrado. “Isso agora mostra o êxito do Programa Justiça Ampliada, que está monitorando situações como essa”, observa Santos.
O juiz se refere às outras datas para o julgamento que haviam sido marcadas anteriormente. A última delas foi 28 de novembro, mas o advogado dos réus pediu que o júri fosse adiado. Ele alegou que tinha compromissos previamente agendados no exterior, para onde iria viajar, e outras agendas pelo Sul do país. Depois de analisar a justificativa da defesa, o juiz André Luis Maia Granja aceitou os argumentos e marcou 16 de janeiro como data definitiva para julgar o caso. São raros os crimes em que a Justiça Federal realiza júri popular, mas quando Ceci foi morta, ele já exercia mandato de deputada.
Com uma data definitiva para o julgamento, a família da deputada e  a de seu marido se mostra satisfeitas, apesar dos 13 anos que se passaram entre o crime e o júri. “É muito tempo, mas agora chegou o momento”, desabafou Rodrigo Cunha, filho de Ceci e de Juvenal Cunha, que também foi assassinado a tiros em frente à casa de um parente, junto com outras duas pessoas da família. Ontem, ele participou de um ato realizado em Maceió, em protesto contra a impunidade. Outras manifestações aconteceram em Recife, Porto Velho, Curitiba e Palmas.
No Distrito Federal, militantes do PSDB, partido da qual Ceci era deputada, colocaram 13 cruzes em frente ao Congresso, uma forma de lembrar o período em que Talvane Albuquerque ficou sem julgamento. Depois de cassado, ele voltou para Arapiraca, onde chegou a ser secretário de Saúde  mesmo depois do crime que abalou o país. Em seguida, deixou o cargo para assumir a direção de hospitais. Ele será levado a júri com os demais suspeitos. Albuquerque chegou a assumir o mandato mesmo sendo acusado pelo crime, mas depois foi cassado logo em seguida. Seus advogados alegam que ele é inocente.